domingo, 9 de novembro de 2008

Nuvens



Mais do que o tempo são as nuvens neste céu,
esses gigantes
das vastas planícies onde os pássaros se deitam.
Nuvens dos meus olhos, que se elevam e deleitam
nos feitos importantes,
dos dias em que o reino, mais além, aconteceu.

Por esse mundo imenso, à vela
velha nau, que é deste azul à beira mar,
esquece a rota sem destino que é a morte.
Sempre mais, de outras viagens, de outra sorte!
Desta terra sobre o mar - que é navegar,
se lembrarão depois os feitos, sobre a tela.

E tudo quanto sou a ti o devo, afinal.
A ti, que me tiveste e me fizeste, deste zelo.
E se, alguma vez, me enfureceste
foi nos dias em que cego te esqueceste
do quanto já foste, sempre e tanto, e tão mais belo.
Portugal.

10 comentários:

R. disse...

Não sei se foi por ter acabado de escrever sobre ele,que cheguei aqui e sorri.Interpretei o teu texto,belíssimo,de acordo com o sentimento do (meu) momento.um grande beijo.

Fata Morgana disse...

Este poema é uma beleza, Gotik.

Reconheço nele muitos sentimentos meus que nunca saberia dizer assim. Deste um sentido imenso às palavras simples que te foram ferramenta.

Um beijo grande*

Gotik Raal disse...

Vertigo,
Ontem ainda fui a tempo de ver a bonita homenagem que tinhas escrito e - se tens dúvidas - cedo-te a utilização da imagem com gosto. Um texto como aquele não se pode perder.

E um avô pode ser todo um mundo, um imenso país, sim.

Um beijo,
Gotik Raal

Gotik Raal disse...

Morgana,

Sabes, as palavras simples tem por vezes uma força, uma intensidade de certeza, flechas ao coração, sobretudo de quem escreve. Mas sei bem que tu própria sabes do que falo!

Obrigado e Um Beijo,
Gotik Raal

R. disse...

Preferi esperar pelo dia em que faria 91 anos.A imagem mais sensorial que tenho de nós os dois,sou eu a passear com ele,de mão dada.Íamos muitas vezes a uma feira cá da terra,onde não faltavam os cavalinhos de carrossel.Ele sentava-se num banco,pousava a bengala e acenava-me a toda a hora..com aquele sorriso.No regresso a casa parava em todas as barracas para me comprar tudo o que me fazia brilhar os olhos.Chegava a casa e ainda ouvia,porque me estragava com mimos e essas coisas.Queria ele lá saber..piscava-me o olho e recolhia-se,cansado.

Sei lá,apeteceu-me partilhar.

Um beijo

Gotik Raal disse...

Vertigo,

E a vida, no fim de tudo, tão desbaratada, estava afinal ancorada nas coisas singelas, que apenas foram, sem porquês.
Partilhar faz bem.

Beijo,
Gotik Raal

Jo disse...

Belas.
As nuvens.
As palavras.
A pátria.

beijo*

Gotik Raal disse...

Mariazinha,

Que nunca nos falte o céu sobre a terra, nem os olhos para o apreciar, ou o coração, para o ver!

Um beijo,
Gotik Raal

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

"E se, alguma vez, me enfureceste
foi nos dias em que cego te esqueceste
do quanto já foste..."

Sim, por vezes parece que tudo se esvai, e muitos são os que não honram o Passado, esquecendo-se que também um dia, foi a nossa pátria um Império.
Lamento por essa gente inconsciente e lamento por este país quem em teias se enredou.

Mas, poema é este, onde é possível raiar esperança.

Um beijinho! ^^

Gotik Raal disse...

Leto,

Temos sempre que manter a vela acesa, uma luz sob o arco dos portões, para a qual havemos de voltar!

Beijinhos,
Gotik