domingo, 14 de fevereiro de 2010

A Calma



E se no teu mundo se desse um grande estrondo, e tudo no teu ser se estilhaçasse. Restaria apenas aquilo em que fosses íntegro, ou nada. De qualquer forma uma rebentação maior do que as muralhas mais inexpugnáveis. Imagina que te afirmavas nesse instante; como um ser terrível, indomável, doce e meigo, cruel para além das lágrimas, e tudo em ti eram palavras surdas. Mossa e impacto. Mas sabias que nesse mundo habitavas apenas tu, fora de ti próprio.

No meu cérebro esmago-te como folhas secas.

Pudesses visitar-me neste plano e fugirias seco de terror. Sim, já que estás ébrio do som da tua voz vazia, das tuas lágrimas sem sal, do teu sorriso em arco que se abre para o nada. Tu és tudo o resto e dessa forma és coisa nenhuma.
Eu sou apenas único, esta impotência.

E no entanto estou vivo e isto é tão somente uma pústula ridícula no meu rosto. Sabes, a minha pele é grossa como os séculos.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

A Foice



Desenhei um círculo perfeito e cortei sete caules de homem. Depois, retirei-me para a minha ínfima cela; o menor dos cantos negros do meu castelo. "Será isto, o pousio?"
Ardia uma vela e cedo se me acabou o ar. Estendi a mão e peguei na foice - o seu cabo ainda cálido, e
saí para o ar gelado da noite. Ou talvez fosse dia. Como nas trevas o sol não vinga - tanto me faz - é apenas tempo.
Então, desenhei um círculo perfeito e cortei sete caules de homem.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Jugulator


Não me despertas o interesse. Menos ainda recordo quem dizes ter sido, ou quem julgas que serás - se não souberes o que é a fé, acreditar, ou simplesmente a pura vontade incontrolável.
Indica-me a jugular do mundo,
e eu corto-a.