quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Annapurna


Catedral dos meus sentidos,
deste espaço imenso à minha volta;
onde a terra corre agora, e sempre solta
entre as fendas dos meus ossos já partidos.

Quisera eu jamais te magoar,
mas foi chegada a hora de subir;
galgar os ventos, as escarpas, decidir
que este sono do meu sangue, há que arrancar.

Seguir-me-ás depois, por fim, um dia,
quando as nuvens do meu céu te alcançarem;
e as tuas negras veias reclamarem
do teu ser, da alma, a vasta geografia.


4 comentários:

bat_thrash disse...

Fiquei sem palavras.

Bat Kiss.

Gotik Raal disse...

Bat Trash,

Acho que deve ser uma coisa boa, esse mutismo. Mas em qualquer dos casos te agradeço! E gosto de te ver por aqui - um morcego na Katedraal faz todo o sentido.

Silent Kiss,
Gotik Raal

witch disse...

Belo mais uma vez...
E é impossivel não transformar este poema em algo muito pessoal...


Kisss...

Gotik Raal disse...

Obrigado, Witch

E porventura é essa a razão por que gostamos de lêr: as palavras transformam-se nas cordas que pendem das nossas escarpas interiores, nessa subida até aos ares rarefeitos da nossa essência..

Um beijo, Witch
Gotik