quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Transepto

Aqui, estendido sobre estas pedras do cruzeiro, tomado de vertigem.
Aqui, sob o encastre dos pontos cardeais, braços abertos com o Norte e o Sul na palma das mãos, este é o eixo mais curto. Em direcção ao oriente se faz o outro caminho, através do meu coração pisado como avenidas.
E no entanto é bem ténue esta força que me prende às lages do chão e sinto o alto como um poço.
Aqui onde todos os tempos se cruzam, como o brilho colorido e difuso dos harmónicos; e que contudo empalidecem perante o silêncio sombrio, sepulcral, do tempo antes e depois dos tempos, do sempre, da fundamental.
Inaudível mas presente, estremecem ainda estas paredes com reflexões infímas do som dos antigos martelos e bigornas, das vozes da Rainha e do Mestre-de-Obras.

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