terça-feira, 7 de outubro de 2008

Campanário

Correndo sobre as searas como se algas fundo nos Mares, mas com a luz; cobrindo as distâncias com o canto cíclico e profundo das baleias, mas sem a angústia. Sólido como o voo dos falcões no céu e do céu recortado como os relógios de sol. 
Sem quebrar os silêncios, do sono leve acorda e varre a terra de hora a hora.
Impaciente, espero-o em vigília do meu túmulo e nunca consegui - ou quis - evitar o sobressalto.

2 comentários:

Fata Morgana disse...

Mas não se vê um sino neste campanário... porém, continuas a ouvi-lo...

Gostei muito do texto, mais uma vez muito bem combinado com a imagem.

Dark kiss

PS. Que estranho Gregoriano é este que se ouve, com gritos, portas a bater - ou algo semelhante - que não fazem parte do canto? Foste tu que fizeste uma mistura ou encontraste assim?

(sou muito curiosa!)

E ouves os lobos e o vento, em Gore?

(pois, muuuuuito curiosa! :))

Gotik Raal disse...

Continuas a ouvi-lo, o sino, mesmo para lá da morte. Como algo que ficou...

Quanto aos sons é uma montagem, sim. A base é "O primus homo coruit", Polifonia Aquitânia do Séc. XII. Harmonia Mundi HMC 901134, já agora :) Mas juntei-lhe uma reverberação enorme e uma gravação que encontrei, de alguém a experimentar a acústica de um sítio... os outros sons estranhos fazem parte dessa gravação também. Mas são uns "urros" tão estranhos que me inspiraram para algumas coisa que aqui escrevi.
Ventos e lobos em Gore, sim, e gosto bastante dos teus sons, dos Elementos.
Imagino agora que os teus são os sons que encontro quando fora destas paredes!.