quinta-feira, 22 de outubro de 2009
O Ovo da Serpente
"Estás a falar comigo?"
Sim.
Meu caralho, sim.
É contigo que falo. Sabes que me tens enrolado no teu pescoço desde que te recordas. Sou o vento frio. Aquele sopro negro na tua nuca - quando te confortas dizendo "são os vidros partidos nas janelas". Os teus gânglios inchados, o nó na tua garganta - não, não é a comoção; essa tenho-a aferrolhada num cofre de chumbo, há já tanto tempo que a esqueço constantemente e a confundo com as aranhas.
A tua mão no peito quando a temperatura cai; não te iludas, já estou cá dentro.
Política, dizes tu? Antes um peido, pois tem menos ar.
São os sinais do tempo. Mas do tempo ido, que não conheceu este terror de lesmas - daquelas a quem nunca racharam a cabeça com um maço - por coisa pouca, quase sempre; como quando dois mais cinco não era Natal.
Espero, por fim, ser a corda - e o chão a falhar-te debaixo dos pés. A ternura derradeira.
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4 comentários:
Este ovo da serpente é uma oferenda com a qual não se deve brincar. Ninguém o quer partir...
Beijinhos! ^^
Linho puro.
Belo...áspero...verdadeiro.
:)
Kisss...
:)
Subscrevia, se não fosse tão profundamente "assinado"! Mas até sei do que falas e poderia, à minha maneira, dizer outro tanto.
Darkest kiss.
Leto of the Crows,
Então, coube-te a ti abrir esta janela. E sem receio.
É como se diz: a quem não deve a pena não treme.
Beijinhos,
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Witch,
É como dizes: um belo pano, o linho. E também a tua metáfora. Há coisas assim, que se transcendem na forma e vestem tudo o que é certo.
Beijos,
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Morgana,
Eu acredito que sabes; pois se também tu escreves tanto sobre o que eu desconhecia saber :)
Dark kiss,
Gotik Raal
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