quarta-feira, 28 de outubro de 2009

The Fall



Nem o céu azul ou as nuvens altas escondem o regresso do Outono. E neste instante, em que te o digo, cobre-se a terra de um véu de prata; um manto húmido e ansioso, das tuas mãos quentes lambendo as minhas cicatrizes.
O mundo fica maior.
Alongam-se as sombras: de árvore em árvore, dos telhados aos campanários, são uma estrada única que dobra todas as esquinas e atravessa os vales, desde os penhascos da costa da Cornualha até às luas do oriente; por vezes é da espessura de um caule, apenas.

Mas é impossível quebrar o caminho que me levará a ti, neste Inverno.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

As Cobras



As cobras eram três.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O Ovo da Serpente


"Estás a falar comigo?"
Sim.
Meu caralho, sim.
É contigo que falo. Sabes que me tens enrolado no teu pescoço desde que te recordas. Sou o vento frio. Aquele sopro negro na tua nuca - quando te confortas dizendo "são os vidros partidos nas janelas". Os teus gânglios inchados, o nó na tua garganta - não, não é a comoção; essa tenho-a aferrolhada num cofre de chumbo, há já tanto tempo que a esqueço constantemente e a confundo com as aranhas.
A tua mão no peito quando a temperatura cai; não te iludas, já estou cá dentro.
Política, dizes tu? Antes um peido, pois tem menos ar.
São os sinais do tempo. Mas do tempo ido, que não conheceu este terror de lesmas - daquelas a quem nunca racharam a cabeça com um maço - por coisa pouca, quase sempre; como quando dois mais cinco não era Natal.

Espero, por fim, ser a corda - e o chão a falhar-te debaixo dos pés. A ternura derradeira.