
Tenho uma relação simples com a vida.
Desejo-a.
Mas não me faz falta.
(* O título pertence a Valéry / Teste)

Há um tempo para a pedra se vestir de musgo, para os líquenes cobrirem as árvores e as paredes. É um tempo de heras e galhos retorcidos que navegam o mundo inteiro no espaço de um jardim, de uma clareira. Os pássaros partiram, e todos os insectos fizeram um pacto de imobilidade e de silêncio. Um veado macho aparece, por vezes, como a noite e como a lua; mas não estão ali, na verdade: pertencem a um mundo à parte, de sombras, onde o tempo menor ainda é rei; como o teu corpo morto, esquecido entre as ervas altas à beira do caminho.