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Há um tempo para a pedra se vestir de musgo, para os líquenes cobrirem as árvores e as paredes. É um tempo de heras e galhos retorcidos que navegam o mundo inteiro no espaço de um jardim, de uma clareira. Os pássaros partiram, e todos os insectos fizeram um pacto de imobilidade e de silêncio. Um veado macho aparece, por vezes, como a noite e como a lua; mas não estão ali, na verdade: pertencem a um mundo à parte, de sombras, onde o tempo menor ainda é rei; como o teu corpo morto, esquecido entre as ervas altas à beira do caminho.
Será que existes, pois se ninguém te encontra?
É este o tempo dos calendários, em que me perco do regresso à Catedral. É este o tempo suspenso, milhares de anos para além da tua vida inteira, do pó descendo na luz que varre o transepto como a espada enterrada na pedra.
Quem te arranca do sono que habitas?
E então o tempo adormece - e tudo é vivo outra vez. O caminho faz-se estrada a meus pés, inevitável. Distingo a torre da Catedral nas colinas, como Bósforo entre os teus seios.