Há um caos seguro, onde me encontro todos os dias nos momentos de silêncio.
A ordem envolve-me, obsessiva, um verdadeiro nojo; Está em toda a parte, menos no mar, menos na areia. Um ano são muitas luas, muitas brumas, mas não mais do que um fumo fétido - como aquele que se eleva das piras em que se queimam os livros onde nunca habitaram as ideias.
E o desprezo, a revolta e a modorra. O não ser mais do que o ser que se odeia.
Uma dor de dentes mas que, enfim, é o momento de sangue em que se vertem os miolos. Assim nos pudéssemos ver, todos, livres da mediocridade, da ralé dos dias e dos espaços. Dos que nos consomem. Sim, eu devorar-te-ia, se existisses. Mas és apenas eu.
A fogueira arde, ainda? Pois o que há ainda para arder? Existirá neste mundo uma combustão segura, outra que não a dos detritos e da decomposição dos dias calmos? A calma é o mais traiçoeiro dos ódios, a suspensão, o indizível compasso de espera entre o ser e o que se já não é.
O que é a água suja? Depende, dos estados de alma e da latitude em que te encontras: é a lama em que te arrastas desde os primeiros alvores do dia, na esperança de um lugar seco; é a réstia de humidade nos desertos, o derradeiro oásis entre o sol poente e os teus intestinos quebradiços.
Mas é preciso viajar. Se com metais preciosos, então nas lonjuras. Se com uma côdea de pão seco, então no caos seguro, onde te encontras todos os dias nos momentos de silêncio.
Gotik Raal o disse.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
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